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Publicación Carta Asiática
Reformas estruturais na Coréia do Sul e a retomada do crescimento econômico.
Gilmar Masiero

RIBEIRO, Marcos Hermano. KOTRA/SP.( maher@osite.com.br)
MASIERO, Gilmar. DAD/UEM. (g_masiero@yahoo.com)

Palavras-chaves: Brasil; Coréia do Sul; Crise financeira; Crescimento econômico; Reestruturação.

Resumo:
O texto considera as recentes declarações do governo sul coreano relativas a segunda etapa das reformas estruturais em curso naquele país. Esta segunda etapa, com término previsto para o final do ano 2000, visa dar prosseguimento às reformas e expandir a infra-estrutura do mercado renovando os antiquados estilos de gerenciamento. Busca tornar o mercado competitivo para promover inovações tecnológicas; e, fazer o mercado trabalhar com mecanismos mais eficientes e com a participação de instituições financeiras mais responsáveis. Após descrever as reformas do setor financeiro, corporativo, público e trabalhista na Coréia, o texto procura contrastar alguns aspectos da crise coreana com a brasileira e, na última parte, descrever as indústrias consideradas promissoras para liderar o desenvolvimento econômico coreano no Século XXI. Estas indústrias centradas em três setores ou eixos: information axis, life axis e enviroment axis, são também consideradas como indústrias de basis-type, combination-type e socio-type.


1. Reformas estruturais na Coréia do Sul

No início do corrente ano o governo sul coreano apresentou suas intenções de continuidade de reformas aos investidores e organismos internacionais interessados no país. A Coréia do Sul sofreu forte crise em outubro de 1997 e desde então, sob intervenção do FMI – Fundo Monetário Internacional, passa por um profundo processo de reestruturação econômica e financeira. Em 28 de fevereiro do corrente ano o Korea Economic Up Date em edição especial intitulada "Segunda Parte das Reformas: Financeira, Corporativa, Trabalhista e do Setor Publico" divulgou uma síntese do que as autoridades coreanas divulgaram no dia 09 de fevereiro passado sobre as diretrizes da política e a continuação das reformas acordadas com o FMI e organismos financeiros quando do início da crise.

O primeiro tópico introdutório do texto nada mais é que um discurso político visando transmitir estabilidade e confiança à comunidade de investidores internacionais. Além disso é indicativo da segunda parte das reformas que, segundo o texto, serão desenvolvidas através da promoção, da transparência e da eficiência, com suporte do setor público, respeitando os interesses da sociedade. Afirma que a reestruturação somente estará completa no final do ano 2000 e que a reestruturação será toda implementada buscando alcançar os seguintes objetivos:

Prosseguir as reformas para expandir a infra-estrutura do mercado e renovar os antiquados estilos de gerenciamento;
Tornar o mercado competitivo para promover inovações tecnológicas ;
Fazer o mercado trabalhar com mecanismos mais eficientes e com a participação de instituições financeiras mais responsáveis.
Esta introdução é apenas uma parte de um discurso fortemente político de apresentação das intenções governamentais aos diversos organismos internacionais interessados no desenvolvimento econômico coreano. A introdução bem como todo o texto não traduzem grande consistência acadêmica ou cientifica. No entanto, é um excelente boletim jornalístico que informa sobre as mudanças em processo e a ênfase futura das mesmas. Entre elas:

Setor Financeiro: Reestruturar o setor financeiro estabelecendo a competitividade num sistema capaz de suportar o desenvolvimento real da economia. Reestruturar e desenvolver as bases e a infra – estrutura do mercado financeiro, melhor desenvolvendo o mercado de títulos e facilitando o acesso a fundos estrangeiros pelas empresas domésticas. Estruturar os mercados primário e secundários, diversificando os tipos de títulos de forma a incentivar os investidores estrangeiros a investir no país. Diversificar e reestruturar o mercado de capitais e mensurar as atividades do mercado futuro de acordo com as normas internacionais. Privatização das instituições financeiras que foram socorridas e estatizadas no período da crise.

Essas proposições governamentais têm como objetivo principal tornar a administração das instituições financeiras locais mais inovadoras e ágeis. Visam, fundamentalmente, dotar o sistema bancário e de crédito de um conjunto de práticas, combinadas de acompanhamento e análise da evolução dos negócios e do risco dos mesmos de acordo com as regras do sistema financeiro internacional. As instituições financeiras que aderirem ao estímulo governamental de reestruturação voluntária, tornando-se mais competitivas no mercado interno e de acordo com as normas internacionais, poderão participar de fundos de capitalização dos títulos do governo no exterior visando sua recapitalização financeira.

Setor Corporativo: A nova atmosfera econômica deverá promover empresas com probabilidade de inovações tecnológicas. As pequenas e médias empresas e também empresas de venture capital (novas tecnologias) são consideradas as mais propícias para o desenvolvimento da economia. A reorganização e reestruturação das corporações bem como de sua legislação e responsabilidades devem ser continuada. Os grandes grupos empresarias devem estabelecer e implantar modificações no modelo gerencial existente de forma que este coincida com os princípios econômicos de mercado, aliando sua competitividade às renovações tecnológicas e alianças estratégicas entre as empresas.

Setor Trabalhista: As novas relações de gerenciamento do trabalho deverão privilegiar o estabelecimento das relações entre empresas e empregados. Modificações na legislação trabalhista acabando com o modelo quase que vitalício dos trabalhadores devem continuar sendo implementadas. A flexibilização das relações de trabalho de acordo com as leis e os princípios da economia de mercado continuarão a ser perseguida. Até o momento o governo implementou seis leis para promover a nova cultura de cooperação mútua e transparência nas relações entre trabalhadores e empresários. Alguns meses após a crise financeira em 1997, o governo criou uma comissão tripartite que lidera as novas regulamentações da legislação trabalhista.

Setor Público: Nesta nova era, o governo afirma estar aberto para conhecer e incentivar as bases das transformações estabelecidas pelas novas tecnologias, visando um governo e sociedade fortemente marcados e em consonância com a era digital. Quer reorganizar e reestruturar ministérios e desenvolver um Comitê de Recursos Humanos do Ministério do Trabalho para estabelecer uma política de demissão voluntária e reengenharia dos Ministérios. Quer também criar um sistema de gerenciamento governamental conhecido como e-government para que as informações sejam eficientes e circulem de um modo sistemático visando economias de tempo e redução de gastos com a utilização da Internet. O governo espera tornar o sistema de gerenciamento fiscal mais transparente, eficiente e monitorado afim de reduzir seu déficit.

Todo o processo de reestruturação visa tornar transparente a administração pública e seus serviços de forma a diminuir e eliminar a corrupção, ainda existente em muitos órgãos governamentais. A agenda das reformas está sendo elaborada em cooperação com organizações não governamentais para dar mais transparência ao processo de reestruturação e reformas acertado com o FMI. A exceção da participação de organizações não governamentais no processo, quase todo o discurso governamental já é amplamente conhecido pois não apresenta nada novo se comparado aos de governantes de outros países. Praticamente todas essas proposições de reformas são familiares aos brasileiros que também estão sob a intervenção do Fundo.

A Segunda parte do texto segue a mesma estrutura citando as reformas mais detalhadamente. O discurso das reformas as serem implementadas continua sendo de caráter informativo e jornalístico muito bem elaborado. Procura demostrar para a população que a economia apresentou bom desempenho devido às reformas estipuladas pelo FMI. Demonstra também aos seus credores que a sociedade coreana está cumprindo com o que foi acordado. No entanto não apresenta nada consistente com respeito a quais reformas já foram efetivamente implementadas bem como quais delas mais contribuíram para a recuperação da crise e retomada do crescimento econômico.

O governo tem absorvido muitas dívidas das instituições bancárias e dos chaebols – grandes conglomerados coreanos. O povo coreano é fortemente marcado por uma cultura nacionalista que permitiu ao governo elaborar em conjunto com os grandes chaebols, a reestruturação industrial que as empresas deveriam implementar. Enquanto que os credores e organismos internacionais aguardavam empresas para serem vendidas, elas foram em grande parte adquiridas pelos próprios chaebols. Algumas empresas foram privatizadas pelo governo, porém o mesmo continua a ter empresas nos mais diversos setores. A produção e distribuição de produtos provenientes da cultura do ginseng, por exemplo, ainda são monopólio exclusivo do estado.

Apesar da dificuldade em se estabelecer relações causais claras entre reformas e crescimento econômico, a recuperação econômica da Coréia do Sul já está sendo celebrada em todo o mundo. A recuperação parece ser vigorosa e sustentada uma vez que após um ano de crise, em 99 a economia cresceu 10,7 %, segundo o Korean Economic Update de 30 de Março do Ministério das Finanças e da Economia. Alguns analistas chegam a dizer que o tigre acordou com fome, enquanto que outros dizem que essa recuperação não é sustentável e que os elevados percentuais são devido a base de cálculo pós-crise ser menor. O que parece válido afirmar é que os grandes conglomerados coreanos, agora menos endividados e racionalizados lideraram um novo ciclo de elevadas taxas de crescimento econômico.

2. Contrastes com o caso brasileiro

Embora os países asiáticos sejam muito diferentes dos latinos americanos é possível visualizar alguns traços comuns entre a experiência recente de crise e a recuperação econômica da Coréia do Sul com a brasileira. Desde janeiro de 1999, o país passou pela mesma situação de crise financeira que os países orientais e, para não decretar uma moratória e deixar de pagar aos investidores que foram atraídos pelas altas taxas de juros aqui existentes, acertou-se com o FMI e outras organizações multilaterais um pacote de ajuda de US$ 40 bilhões. Para cumprir com os termos do acordo, algumas medidas amargas para as empresas e para a população, tais como a implementação permanente da CPMF, aumento de alíquotas de alguns impostos e redução de gastos com alguns programas sociais foram implementados.

Junto a estas medidas o Governo adotou uma política de juros altos com uma taxa de câmbio flexível e um sistema de metas de inflação. Essas medidas resultaram num pequeno crescimento de 0,3% da economia. A taxa de inflação ficou dentro da meta estipulada pelo governo, algo em torno de 8,0%, ao mesmo tempo o governo conseguiu cumprir uma das mestas acertadas com o FMI, principalmente no que tange ao resultado positivo nas contas públicas, primárias ou seja receita menos despesas. Porém o principal tópico do acordo com o FMI, o superávit comercial, após a desvalorização da moeda brasileira, o governo não cumpriu, visto que a balança comercial apresentou um déficit de US$1,2 bilhões em 1999.

Se compararmos os dois países, a desvalorização cambial fez a Coréia ganhar competitividade internacional, de forma que o déficit comercial médio de US$ 8,3 bilhões de toda a década de 90, transformou-se um saldo positivo de US$ 39 bilhões em 98 e US$ 24,5 bilhões em 99. O Brasil exportou US$ 49 bilhões em 1999 e a Coréia exportou US$ 154 bilhões ou seja o triplo de nossas exportações. O Saldo Comercial mais o fluxo de capitais externos ajudaram a Coréia a acumular boas reservas, em fevereiro deste ano suas reservas giravam em torno de US$ 75,6 bilhões.

Outra diferença entre o Brasil e a Coréia é que no auge da crise daquele país, visando estimular a economia elevados montantes foram gastos. Por exemplo, somente com as instituições financeiras foram gastos aproximadamente US$ 45 bilhões, ou seja o governo coreano ao contrário do brasileiro podia contrair dívidas. Para defender o Won excessivamente desvalorizado elevou os juros em 16%, emitiu títulos, c-bonds entre outros, de forma que a dívida pública pulou de 13,3% em 97 para 36,5% em 99. No entanto como o crescimento econômico foi restaurado, as taxas de juros hoje estão em torno de 5%. Juros baixos e política fiscal expansiva formam o cenário clássico do modelo econômico keynesiano. A recuperação coreana pode ser resumida em alguns indicadores apresentados nas tabelas abaixo:

Tabela 1: Indicadores econômicos da Coréia dos últimos 3 anos

Indicadores/ano

1997

1998

1999

PIB (US$ milhões)

476,6

317,7

406,7

Índice de preços ao consumidor em %

4,4

7,5

1,3(4o)

Taxa de desemprego em %

2,6

6,8

5,6(3o)

Índice de produção industrial em %

5,3

-7,3

28,9

Divida do setor publico em % PIB

12,7

24,5

N.D.

Exportações em US$ milhões

136,1

132,4

154,5

Variação das exportações %

6,6

-4,9

29,4(4o)

Importações em US$ milhões

144,6

93,3

125,9

Variação das importações

-1,7

-36,4

48,6(4o)

Divida Externa Total em % PIB

33,2

46,6

35,0(4o)

Reservas Internacionais em US$ bilhões

8,9

48,5

74,1(4o)

Taxa de juros de curto prazo

13,2

15,0

4,7(4o)

Taxa de Cambio, fim de período

1.695

1.204

1.138(4o)

Fonte: NSO( National Statistical Office)

Tabela 2: Principais Indicadores das Contas Nacionais (Unid.: %)

1997

1998

1999

1. Renda Nacional (Termo Nominal)

PIB (Won trilhão)

453.3

444.4

483.8

(US$ Bilhão)

4,766

3,177

4,067

Per Capita GNI (Won/ 100)

9,803

9,431

10,206

(US$)

10,307

6,742

8,581

PIB (Deflator Increase Rate)

3.2

5.0

-1.6

2. PIB taxa de cresc. (termo real )

5.0

-6.7

10.7

3. Taxa de Crescimento pelo Tipo de atividade econômica

Agricultura, Florestal e Pescaria

4.6

-6.6

4.7

Manufaturados

6.6

-7.4

21.8

Construção

5.4

-8.6

-10.1

4. Taxa de cresc. Pelo tipo de gasto

Gastos de consumo final

3.2

-9.8

8.5

Bruto fixo Informação de Capital

-2.2

-21.2

4.1

Exportação

21.4

13.2

16.3

Importação

3.2

-22.4

28.9

5. Gastos Estruturais

Taxa de Poupança (bruto)

33.4

34.0

33.7

Investimento Doméstico (bruto)

34.4

21.3

27.0

Fonte: Korean Economic Update, March 30, Vol. 29 No 4.

O crescimento coreano é mais que sustentado, visto que o país cresceu cerca de 10,7% em 1999. Essa expansão se deu devido ao aumento de 16,3% nas exportações cujos principais produtos foram semicondutores, computadores e equipamentos de comunicação e crescimento da demanda interna sinalizando a saída da recessão pelo qual o país enfrentou durante a crise financeira. O crescimento da Coréia é fruto da política expansionista do governo, ao contrário do governo brasileiro que adotou uma política de contração para por ordem nas finanças devido aos constantes déficits nas suas contas primárias (receita menos despesas não inclui o pagamento de juros). No entanto o governo brasileiro conseguiu apresentar resultados significativos, superando as metas acertadas com o FMI.

Segundo o Diretor do FMI para a Ásia e Pacífico, Hubert Neiss, tradicionalmente a maioria dos países asiáticos tem sido conservadora em termos fiscais, de forma ser grande a vantagem na crise, porque entraram nela com uma dívida pública relativamente baixa, com exceção da Indonésia. Assim esses países puderam se dar ao luxo de produzir déficits durante a recessão e o período de recuperação, de forma a respaldar a economia e a usar fundos públicos para a recapitalização bancária. Assim a adoção conservadora do modelo clássico por parte do Governo com aumento dos gastos públicos para aquecer a produção, juros em queda e o forte crescimento das exportações foi o ponto chave da recuperação econômica da Coréia do Sul.

3. Indústrias promissoras no Século XXI

A proliferação da tecnologia digital, a reorganização acelerada do setor industrial, o desenvolvimento das tecnologias da informação e das telecomunicações estão unindo setores industrias inteiros em uma única rede de trabalho. Estão estimulando a especialização de poucas e integradas cadeias de valor. As empresas que não se ajustarem a essa nova era e mudarem estão com os seus dias contatos, desaparecendo do mercado. Além desse processo, na Coréia do Sul, recentemente, está ocorrendo um boom no setor de venture capital – novas empresas de alta tecnologia com potencial de rápido crescimento, estão contribuindo para o ressurgimento do setor industrial.

O rápido crescimento das empresas de venture capital é considerada uma das atividades econômicas que vem contribuindo para o país sair da recente crise que passou, alavancando o crescimento de sua economia. De fato o número corrente de empresas de venture na Coréia está em torno de 5.200 , superando o Japão com 4.700, Taiwan com 1.200 e Israel com 1.000. Diante destes fatos, o reconhecido instituto de pesquisa econômica da Sansung, o Sansung Economic Research Institute - SERI vem desenvolvendo estudos e prevendo que no século 21 a reorganização do setor industrial estará centrada em 3 setores ou eixos: information axis; life axis e environment axis.

O information axis terá o conhecimento como um tipo de propriedade, de modo que empresas de softwares e empresas de alta tecnologia cresceram rapidamente. No caso do life axis, o ser humano será o foco principal de pesquisas e atividades industriais enquanto que no environment axis a tecnologia pode vencer os limites dos recursos naturais sem poluir o ambiente. Proteção ambiental emergirá como o principal mercado alvo de muitas empresas. As promissoras indústrias do século 21, são também classificadas pelo SERI como basis-type; combination-type e socio-type.

As indústrias (empresas) de basis-type, são novas empresas que podem aplicar e diversificar o uso fundamental de tecnologia. As indústrias (empresas) de combination-type, são empresas que podem ampliar a tecnologia fundamental combinada com soluções para vida e os problemas sociais. Já as indústrias (empresas) de sócio-type, estão ligadas a pesquisas do corpo humano visando substituir as atividades humanas por sistemas automatizados. Esquematicamente pode-se perceber as promissoras indústrias do século XXI na figura e quadro abaixo.

Quadro 1: as empresas promissoras no Século XXI

Setor

Indústrias Promissoras

Descrição

Eletrônicos

Sistemas LSI

Sistemas de larga integração, com chips de memória única, de pequeno tamanho e multifuncionais

Informação e Telecomunicações

E-Commerce

 

E-Commerce está começando a revolucionar a Internet. Expansão internacional das transações.

Com o desenvolvimento da tecnologia digital diversificados segmentos devem ser desenvolvidos

Óptica

Fibra Óptica

Será a base da comunicação de networks do Séc. XXI.

Bio Industria

Bio- Industria

Lidera a tecnologia do século 21 interconectando a vida humana

Ambiente e Energia

Reciclagem

Descartáveis e poluentes produzidos durante as atividades econômicas serão reutilizados

Equipamentos Médicos

Equipamentos Médicos

Diversos equipamentos médicos serão desenvolvidos para a engenharia genética

Os setores de atividade industrial acima apresentados são os que vem demonstrando maior dinamismo na retomada do crescimento econômico sul coreano. Governo e empresas vem direcionando esforços no sentido de desenvolvê-los de forma acelerada e integrada com os avanços tecnológicos dos demais países industrializados. Considerando a importância dessas novas áreas de atividade industrial uma breve descrição de cada uma delas é apresentada a seguir:

Sistema LSI (Large System Integration): Sistema pelo qual se dá a integração de funções básicas de vários equipamentos eletrônicos com um único chip semicondutor de alta densidade tecnológica. Este sistema permite desenvolver microtelefones e outros miniprodutos de comunicação. A Coréia do Sul conta com várias pequenas e médias empresas de venture capital produzindo estes sistemas avançados de tecnologia. Em particular a Samsung e Hyundai Eletrônica empresas lideres no segmentos de semicondutores e chips estão fazendo largos investimentos no sistema LSI.

Fibra óptica para comunicações: O uso da fibra óptica nos sistemas de comunicações propicia alta velocidade na transmissão de dados e comunicações. Este setor é um dos mais ágeis e dinâmicos sendo, atualmente, um dos maiores captadores de investimentos. A tecnologia básica da informação é a super velocidade nas infovias. Empresas coreanas buscam processar informações na velocidade da luz, transmitindo muitos gibabytes em reduzidas frações de tempo.

E-Commerce: É o coração do e-business que está crescendo rapidamente, livre dos limites de tempo e espaço. De acordo com a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o e-commerce será o grande responsável pelo desenvolvimento dos sistemas de distribuição. A Organização projeta um crescimento dos negócios em torno 20% até 2003. Segundo a empresa de Consultoria Boston Consulting, no ano 2.000 o e-commerce será responsável em escala mundial por um montante de aproximadamente US$ 100 bilhões. A escala de negócios no mercado de e-commerce na Coréia alcançou a cifra de aproximadamente de US$200 bilhões de wons no ano de 1999.

Informações: Com o desenvolvimento da tecnologia digital, as informações são tidas como fator fundamental, seja para os computadores, indústria da música, cds, filmes etc. O estabelecimento da Internet revolucionou o mercado e a informação transmitida em tempo real vem dinamizando os demais setores industriais. A indústria da informação hoje na Coréia movimenta algo em torno de US$ 3,7 bilhões, ocupando 0,8% do mercado internacional. Produtos estrangeiros atualmente ocupam 75% do mercado doméstico de filmes, 65% do mercado de música e 80% do mercado de video e jogos de computadores.

Bio–Indústria: Essa indústria produz novas formas de plantas e animais através da engenharia genética com capacidade de modificação e multiplicação genética por muitos anos. A bio-indústria tem amplo mercado na agricultura, medicina, saúde e nutrição que deverá crescer rapidamente. Na Coréia o governo decidiu investir 10 bilhões de wons em pesquisas de genética humana durante os próximos 10 anos. O inicio da bio-industry está relacionado com as ventures companies e está apenas começando uma nova fase de desenvolvimento industrial mais voltada para a natureza e o homem.

Reciclagem: A reciclagem é necessária para preservar os recursos naturais e proteger o meio ambiente da poluição. Considerando que essa indústria deva reduzir os perigos de extinção da humanidade as projeções para a indústria da reciclagem são muito boas para o futuro.

Equipamentos Médicos: A indústria de equipamentos médicos está em franco crescimento a partir de combinações com computadores, telecomunicações, fibra óptica, etc. Os equipamentos de diagnóstico visuais minimizam os erros nos resultados quando comparados aos diagnósticos normais. Existe grande desenvolvimento de equipamentos e materiais que substituem organismos humanos, aumentando assim a perspectiva de longevidade humana.

Células energéticas: Devido ao limite do montante dos recursos energéticos, a energia captada por células reduzirá o uso da energia convencional. Por exemplo, a energia captada por células poderá ser usada em telefones móveis, sem fios, lap-tops, computadores, etc. Na Coréia algumas grandes companhias estão desenvolvendo células de energia. A Hyundai Motors está desenvolvendo um protótipo de veículos que usa energia por células e a Samsung através de seu Instituto de Pesquisas Avançadas desenvolveu com sucesso o 40w PEM (Proton Exchange Membrane), energia para ser usada em lap tops.

Considerações finais

Independente do conteúdo propagandístico deste ou daquele informe governamental o processo de reestruturação da econômica da Coréia do Sul é uma realidade. As modificações implementadas pelo governo coreano aliadas às novas tecnologias ligadas à indústria da informação estão dinamizando e liderando o novo ciclo de crescimento econômico daquele país. As reestruturações orientadas para o desenvolvimento de tecnologias avançadas fez com que o país num curto espaço de tempo saísse de uma crise que os analistas internacionais, bem como os técnicos do FMI estimavam demorar aproximadamente de 3 a 4 anos para ser superada e permitir que a economia do voltasse a crescer novamente.

Apesar da recuperação econômica ser uma realidade é necessário que o país faça as reformas necessárias, uma vez que o país permanece vulnerável devido aos grandes débitos de muitas companhias, de forma que as reformas das instituições financeiras e das corporações poderão levar a uma nova crise em 5 ou 10 anos. Todos os países ao longo da história sofreram choques periódicos, de forma que os ditos países emergentes são os mais vulneráveis a crises e os custos para a economia são maiores em países mais pobres com mercados financeiros fracos e inadequada supervisão bancária.

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