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Carta Asiática
Reformas
estruturais na Coréia do Sul e a retomada do crescimento econômico.
Gilmar
Masiero
RIBEIRO, Marcos
Hermano. KOTRA/SP.( maher@osite.com.br)
MASIERO, Gilmar. DAD/UEM. (g_masiero@yahoo.com)
Palavras-chaves: Brasil; Coréia
do Sul; Crise financeira; Crescimento econômico; Reestruturação.
Resumo:
O texto considera as recentes declarações do
governo sul coreano relativas a segunda etapa das reformas
estruturais em curso naquele país. Esta segunda etapa,
com término previsto para o final do ano 2000, visa
dar prosseguimento às reformas e expandir a infra-estrutura
do mercado renovando os antiquados estilos de gerenciamento.
Busca tornar o mercado competitivo para promover inovações
tecnológicas; e, fazer o mercado trabalhar com mecanismos
mais eficientes e com a participação de instituições
financeiras mais responsáveis. Após descrever
as reformas do setor financeiro, corporativo, público
e trabalhista na Coréia, o texto procura contrastar
alguns aspectos da crise coreana com a brasileira e, na última
parte, descrever as indústrias consideradas promissoras
para liderar o desenvolvimento econômico coreano no
Século XXI. Estas indústrias centradas em três
setores ou eixos: information axis, life axis e enviroment
axis, são também consideradas como indústrias
de basis-type, combination-type e socio-type.
1. Reformas estruturais na Coréia
do Sul
No início do corrente ano o governo
sul coreano apresentou suas intenções de continuidade
de reformas aos investidores e organismos internacionais interessados
no país. A Coréia do Sul sofreu forte crise
em outubro de 1997 e desde então, sob intervenção
do FMI Fundo Monetário Internacional, passa
por um profundo processo de reestruturação econômica
e financeira. Em 28 de fevereiro do corrente ano o Korea Economic
Up Date em edição especial intitulada "Segunda
Parte das Reformas: Financeira, Corporativa, Trabalhista e
do Setor Publico" divulgou uma síntese do que
as autoridades coreanas divulgaram no dia 09 de fevereiro
passado sobre as diretrizes da política e a continuação
das reformas acordadas com o FMI e organismos financeiros
quando do início da crise.
O primeiro tópico introdutório
do texto nada mais é que um discurso político
visando transmitir estabilidade e confiança à
comunidade de investidores internacionais. Além disso
é indicativo da segunda parte das reformas que, segundo
o texto, serão desenvolvidas através da promoção,
da transparência e da eficiência, com suporte
do setor público, respeitando os interesses da sociedade.
Afirma que a reestruturação somente estará
completa no final do ano 2000 e que a reestruturação
será toda implementada buscando alcançar os
seguintes objetivos:
Prosseguir as reformas para expandir a infra-estrutura
do mercado e renovar os antiquados estilos de gerenciamento;
Tornar o mercado competitivo para promover inovações
tecnológicas ;
Fazer o mercado trabalhar com mecanismos mais eficientes e
com a participação de instituições
financeiras mais responsáveis.
Esta introdução é apenas uma parte de
um discurso fortemente político de apresentação
das intenções governamentais aos diversos organismos
internacionais interessados no desenvolvimento econômico
coreano. A introdução bem como todo o texto
não traduzem grande consistência acadêmica
ou cientifica. No entanto, é um excelente boletim jornalístico
que informa sobre as mudanças em processo e a ênfase
futura das mesmas. Entre elas:
Setor Financeiro: Reestruturar o setor financeiro
estabelecendo a competitividade num sistema capaz de suportar
o desenvolvimento real da economia. Reestruturar e desenvolver
as bases e a infra estrutura do mercado financeiro,
melhor desenvolvendo o mercado de títulos e facilitando
o acesso a fundos estrangeiros pelas empresas domésticas.
Estruturar os mercados primário e secundários,
diversificando os tipos de títulos de forma a incentivar
os investidores estrangeiros a investir no país. Diversificar
e reestruturar o mercado de capitais e mensurar as atividades
do mercado futuro de acordo com as normas internacionais.
Privatização das instituições
financeiras que foram socorridas e estatizadas no período
da crise.
Essas proposições governamentais
têm como objetivo principal tornar a administração
das instituições financeiras locais mais inovadoras
e ágeis. Visam, fundamentalmente, dotar o sistema bancário
e de crédito de um conjunto de práticas, combinadas
de acompanhamento e análise da evolução
dos negócios e do risco dos mesmos de acordo com as
regras do sistema financeiro internacional. As instituições
financeiras que aderirem ao estímulo governamental
de reestruturação voluntária, tornando-se
mais competitivas no mercado interno e de acordo com as normas
internacionais, poderão participar de fundos de capitalização
dos títulos do governo no exterior visando sua recapitalização
financeira.
Setor Corporativo: A nova atmosfera econômica
deverá promover empresas com probabilidade de inovações
tecnológicas. As pequenas e médias empresas
e também empresas de venture capital (novas tecnologias)
são consideradas as mais propícias para o desenvolvimento
da economia. A reorganização e reestruturação
das corporações bem como de sua legislação
e responsabilidades devem ser continuada. Os grandes grupos
empresarias devem estabelecer e implantar modificações
no modelo gerencial existente de forma que este coincida com
os princípios econômicos de mercado, aliando
sua competitividade às renovações tecnológicas
e alianças estratégicas entre as empresas.
Setor Trabalhista: As novas relações
de gerenciamento do trabalho deverão privilegiar o
estabelecimento das relações entre empresas
e empregados. Modificações na legislação
trabalhista acabando com o modelo quase que vitalício
dos trabalhadores devem continuar sendo implementadas. A flexibilização
das relações de trabalho de acordo com as leis
e os princípios da economia de mercado continuarão
a ser perseguida. Até o momento o governo implementou
seis leis para promover a nova cultura de cooperação
mútua e transparência nas relações
entre trabalhadores e empresários. Alguns meses após
a crise financeira em 1997, o governo criou uma comissão
tripartite que lidera as novas regulamentações
da legislação trabalhista.
Setor Público: Nesta nova era, o governo
afirma estar aberto para conhecer e incentivar as bases das
transformações estabelecidas pelas novas tecnologias,
visando um governo e sociedade fortemente marcados e em consonância
com a era digital. Quer reorganizar e reestruturar ministérios
e desenvolver um Comitê de Recursos Humanos do Ministério
do Trabalho para estabelecer uma política de demissão
voluntária e reengenharia dos Ministérios. Quer
também criar um sistema de gerenciamento governamental
conhecido como e-government para que as informações
sejam eficientes e circulem de um modo sistemático
visando economias de tempo e redução de gastos
com a utilização da Internet. O governo espera
tornar o sistema de gerenciamento fiscal mais transparente,
eficiente e monitorado afim de reduzir seu déficit.
Todo o processo de reestruturação
visa tornar transparente a administração pública
e seus serviços de forma a diminuir e eliminar a corrupção,
ainda existente em muitos órgãos governamentais.
A agenda das reformas está sendo elaborada em cooperação
com organizações não governamentais para
dar mais transparência ao processo de reestruturação
e reformas acertado com o FMI. A exceção da
participação de organizações não
governamentais no processo, quase todo o discurso governamental
já é amplamente conhecido pois não apresenta
nada novo se comparado aos de governantes de outros países.
Praticamente todas essas proposições de reformas
são familiares aos brasileiros que também estão
sob a intervenção do Fundo.
A Segunda parte do texto segue a mesma estrutura
citando as reformas mais detalhadamente. O discurso das reformas
as serem implementadas continua sendo de caráter informativo
e jornalístico muito bem elaborado. Procura demostrar
para a população que a economia apresentou bom
desempenho devido às reformas estipuladas pelo FMI.
Demonstra também aos seus credores que a sociedade
coreana está cumprindo com o que foi acordado. No entanto
não apresenta nada consistente com respeito a quais
reformas já foram efetivamente implementadas bem como
quais delas mais contribuíram para a recuperação
da crise e retomada do crescimento econômico.
O governo tem absorvido muitas dívidas
das instituições bancárias e dos chaebols
grandes conglomerados coreanos. O povo coreano é
fortemente marcado por uma cultura nacionalista que permitiu
ao governo elaborar em conjunto com os grandes chaebols, a
reestruturação industrial que as empresas deveriam
implementar. Enquanto que os credores e organismos internacionais
aguardavam empresas para serem vendidas, elas foram em grande
parte adquiridas pelos próprios chaebols. Algumas empresas
foram privatizadas pelo governo, porém o mesmo continua
a ter empresas nos mais diversos setores. A produção
e distribuição de produtos provenientes da cultura
do ginseng, por exemplo, ainda são monopólio
exclusivo do estado.
Apesar da dificuldade em se estabelecer relações
causais claras entre reformas e crescimento econômico,
a recuperação econômica da Coréia
do Sul já está sendo celebrada em todo o mundo.
A recuperação parece ser vigorosa e sustentada
uma vez que após um ano de crise, em 99 a economia
cresceu 10,7 %, segundo o Korean Economic Update de 30 de
Março do Ministério das Finanças e da
Economia. Alguns analistas chegam a dizer que o tigre acordou
com fome, enquanto que outros dizem que essa recuperação
não é sustentável e que os elevados percentuais
são devido a base de cálculo pós-crise
ser menor. O que parece válido afirmar é que
os grandes conglomerados coreanos, agora menos endividados
e racionalizados lideraram um novo ciclo de elevadas taxas
de crescimento econômico.
2. Contrastes com o caso brasileiro
Embora os países asiáticos sejam
muito diferentes dos latinos americanos é possível
visualizar alguns traços comuns entre a experiência
recente de crise e a recuperação econômica
da Coréia do Sul com a brasileira. Desde janeiro de
1999, o país passou pela mesma situação
de crise financeira que os países orientais e, para
não decretar uma moratória e deixar de pagar
aos investidores que foram atraídos pelas altas taxas
de juros aqui existentes, acertou-se com o FMI e outras organizações
multilaterais um pacote de ajuda de US$ 40 bilhões.
Para cumprir com os termos do acordo, algumas medidas amargas
para as empresas e para a população, tais como
a implementação permanente da CPMF, aumento
de alíquotas de alguns impostos e redução
de gastos com alguns programas sociais foram implementados.
Junto a estas medidas o Governo adotou uma
política de juros altos com uma taxa de câmbio
flexível e um sistema de metas de inflação.
Essas medidas resultaram num pequeno crescimento de 0,3% da
economia. A taxa de inflação ficou dentro da
meta estipulada pelo governo, algo em torno de 8,0%, ao mesmo
tempo o governo conseguiu cumprir uma das mestas acertadas
com o FMI, principalmente no que tange ao resultado positivo
nas contas públicas, primárias ou seja receita
menos despesas. Porém o principal tópico do
acordo com o FMI, o superávit comercial, após
a desvalorização da moeda brasileira, o governo
não cumpriu, visto que a balança comercial apresentou
um déficit de US$1,2 bilhões em 1999.
Se compararmos os dois países, a desvalorização
cambial fez a Coréia ganhar competitividade internacional,
de forma que o déficit comercial médio de US$
8,3 bilhões de toda a década de 90, transformou-se
um saldo positivo de US$ 39 bilhões em 98 e US$ 24,5
bilhões em 99. O Brasil exportou US$ 49 bilhões
em 1999 e a Coréia exportou US$ 154 bilhões
ou seja o triplo de nossas exportações. O Saldo
Comercial mais o fluxo de capitais externos ajudaram a Coréia
a acumular boas reservas, em fevereiro deste ano suas reservas
giravam em torno de US$ 75,6 bilhões.
Outra diferença entre o Brasil e a Coréia
é que no auge da crise daquele país, visando
estimular a economia elevados montantes foram gastos. Por
exemplo, somente com as instituições financeiras
foram gastos aproximadamente US$ 45 bilhões, ou seja
o governo coreano ao contrário do brasileiro podia
contrair dívidas. Para defender o Won excessivamente
desvalorizado elevou os juros em 16%, emitiu títulos,
c-bonds entre outros, de forma que a dívida pública
pulou de 13,3% em 97 para 36,5% em 99. No entanto como o crescimento
econômico foi restaurado, as taxas de juros hoje estão
em torno de 5%. Juros baixos e política fiscal expansiva
formam o cenário clássico do modelo econômico
keynesiano. A recuperação coreana pode ser resumida
em alguns indicadores apresentados nas tabelas abaixo:
Tabela 1: Indicadores econômicos da
Coréia dos últimos 3 anos
Indicadores/ano
|
1997
|
1998
|
1999
|
PIB (US$ milhões)
|
476,6
|
317,7
|
406,7
|
Índice de preços ao
consumidor em %
|
4,4
|
7,5
|
1,3(4o)
|
Taxa de desemprego em
%
|
2,6
|
6,8
|
5,6(3o)
|
Índice de produção industrial
em %
|
5,3
|
-7,3
|
28,9
|
Divida do setor publico
em % PIB
|
12,7
|
24,5
|
N.D.
|
Exportações em US$ milhões
|
136,1
|
132,4
|
154,5
|
Variação das exportações
%
|
6,6
|
-4,9
|
29,4(4o)
|
Importações em US$ milhões
|
144,6
|
93,3
|
125,9
|
Variação das importações
|
-1,7
|
-36,4
|
48,6(4o)
|
Divida Externa Total
em % PIB
|
33,2
|
46,6
|
35,0(4o)
|
Reservas Internacionais
em US$ bilhões
|
8,9
|
48,5
|
74,1(4o)
|
Taxa de juros de curto
prazo
|
13,2
|
15,0
|
4,7(4o)
|
Taxa de Cambio, fim
de período
|
1.695
|
1.204
|
1.138(4o)
|
Fonte: NSO( National Statistical Office)
Tabela 2: Principais Indicadores das Contas
Nacionais (Unid.: %)
|
1997
|
1998
|
1999
|
1. Renda Nacional (Termo
Nominal)
|
|
|
|
PIB (Won trilhão)
|
453.3
|
444.4
|
483.8
|
(US$ Bilhão)
|
4,766
|
3,177
|
4,067
|
Per Capita GNI (Won/
100)
|
9,803
|
9,431
|
10,206
|
(US$)
|
10,307
|
6,742
|
8,581
|
PIB (Deflator Increase
Rate)
|
3.2
|
5.0
|
-1.6
|
2. PIB taxa de cresc.
(termo real )
|
5.0
|
-6.7
|
10.7
|
3. Taxa de Crescimento
pelo Tipo de atividade econômica
|
|
|
|
Agricultura, Florestal
e Pescaria
|
4.6
|
-6.6
|
4.7
|
Manufaturados
|
6.6
|
-7.4
|
21.8
|
Construção
|
5.4
|
-8.6
|
-10.1
|
4. Taxa de cresc. Pelo
tipo de gasto
|
|
|
|
Gastos de consumo final
|
3.2
|
-9.8
|
8.5
|
Bruto fixo Informação
de Capital
|
-2.2
|
-21.2
|
4.1
|
Exportação
|
21.4
|
13.2
|
16.3
|
Importação
|
3.2
|
-22.4
|
28.9
|
5. Gastos Estruturais
|
|
|
|
Taxa de Poupança (bruto)
|
33.4
|
34.0
|
33.7
|
Investimento Doméstico
(bruto)
|
34.4
|
21.3
|
27.0
|
Fonte: Korean Economic Update, March 30, Vol.
29 No 4.
O crescimento coreano é mais que sustentado,
visto que o país cresceu cerca de 10,7% em 1999. Essa
expansão se deu devido ao aumento de 16,3% nas exportações
cujos principais produtos foram semicondutores, computadores
e equipamentos de comunicação e crescimento
da demanda interna sinalizando a saída da recessão
pelo qual o país enfrentou durante a crise financeira.
O crescimento da Coréia é fruto da política
expansionista do governo, ao contrário do governo brasileiro
que adotou uma política de contração
para por ordem nas finanças devido aos constantes déficits
nas suas contas primárias (receita menos despesas não
inclui o pagamento de juros). No entanto o governo brasileiro
conseguiu apresentar resultados significativos, superando
as metas acertadas com o FMI.
Segundo o Diretor do FMI para a Ásia
e Pacífico, Hubert Neiss, tradicionalmente a maioria
dos países asiáticos tem sido conservadora em
termos fiscais, de forma ser grande a vantagem na crise, porque
entraram nela com uma dívida pública relativamente
baixa, com exceção da Indonésia. Assim
esses países puderam se dar ao luxo de produzir déficits
durante a recessão e o período de recuperação,
de forma a respaldar a economia e a usar fundos públicos
para a recapitalização bancária. Assim
a adoção conservadora do modelo clássico
por parte do Governo com aumento dos gastos públicos
para aquecer a produção, juros em queda e o
forte crescimento das exportações foi o ponto
chave da recuperação econômica da Coréia
do Sul.
3. Indústrias promissoras no Século
XXI
A proliferação da tecnologia
digital, a reorganização acelerada do setor
industrial, o desenvolvimento das tecnologias da informação
e das telecomunicações estão unindo setores
industrias inteiros em uma única rede de trabalho.
Estão estimulando a especialização de
poucas e integradas cadeias de valor. As empresas que não
se ajustarem a essa nova era e mudarem estão com os
seus dias contatos, desaparecendo do mercado. Além
desse processo, na Coréia do Sul, recentemente, está
ocorrendo um boom no setor de venture capital novas
empresas de alta tecnologia com potencial de rápido
crescimento, estão contribuindo para o ressurgimento
do setor industrial.
O rápido crescimento das empresas de
venture capital é considerada uma das atividades econômicas
que vem contribuindo para o país sair da recente crise
que passou, alavancando o crescimento de sua economia. De
fato o número corrente de empresas de venture na Coréia
está em torno de 5.200 , superando o Japão com
4.700, Taiwan com 1.200 e Israel com 1.000. Diante destes
fatos, o reconhecido instituto de pesquisa econômica
da Sansung, o Sansung Economic Research Institute - SERI vem
desenvolvendo estudos e prevendo que no século 21 a
reorganização do setor industrial estará
centrada em 3 setores ou eixos: information axis; life axis
e environment axis.
O information axis terá o conhecimento
como um tipo de propriedade, de modo que empresas de softwares
e empresas de alta tecnologia cresceram rapidamente. No caso
do life axis, o ser humano será o foco principal de
pesquisas e atividades industriais enquanto que no environment
axis a tecnologia pode vencer os limites dos recursos naturais
sem poluir o ambiente. Proteção ambiental emergirá
como o principal mercado alvo de muitas empresas. As promissoras
indústrias do século 21, são também
classificadas pelo SERI como basis-type; combination-type
e socio-type.
As indústrias (empresas) de basis-type,
são novas empresas que podem aplicar e diversificar
o uso fundamental de tecnologia. As indústrias (empresas)
de combination-type, são empresas que podem ampliar
a tecnologia fundamental combinada com soluções
para vida e os problemas sociais. Já as indústrias
(empresas) de sócio-type, estão ligadas a pesquisas
do corpo humano visando substituir as atividades humanas por
sistemas automatizados. Esquematicamente pode-se perceber
as promissoras indústrias do século XXI na figura
e quadro abaixo.
Quadro 1: as empresas promissoras no Século XXI
Setor
|
Indústrias Promissoras
|
Descrição
|
Eletrônicos
|
Sistemas LSI
|
Sistemas de
larga integração, com chips de memória única, de pequeno
tamanho e multifuncionais |
Informação e Telecomunicações
|
E-Commerce
|
E-Commerce está
começando a revolucionar a Internet. Expansão internacional
das transações.
Com o desenvolvimento da tecnologia
digital diversificados segmentos devem ser desenvolvidos
|
Óptica
|
Fibra Óptica
|
Será a base da comunicação
de networks do Séc. XXI.
|
Bio Industria
|
Bio- Industria
|
Lidera a tecnologia
do século 21 interconectando a vida humana
|
Ambiente e Energia
|
Reciclagem
|
Descartáveis e poluentes
produzidos durante as atividades econômicas serão reutilizados
|
Equipamentos Médicos
|
Equipamentos Médicos
|
Diversos equipamentos
médicos serão desenvolvidos para a engenharia genética
|
Os setores
de atividade industrial acima apresentados são os que vem
demonstrando maior dinamismo na retomada do crescimento econômico
sul coreano. Governo e empresas vem direcionando esforços
no sentido de desenvolvê-los de forma acelerada e integrada
com os avanços tecnológicos dos demais países industrializados.
Considerando a importância dessas novas áreas de atividade
industrial uma breve descrição de cada uma delas é apresentada
a seguir:
Sistema
LSI (Large System Integration): Sistema pelo qual se dá
a integração de funções básicas de vários equipamentos eletrônicos
com um único chip semicondutor de alta densidade tecnológica.
Este sistema permite desenvolver microtelefones e outros miniprodutos
de comunicação. A Coréia do Sul conta com várias pequenas
e médias empresas de venture capital produzindo estes
sistemas avançados de tecnologia. Em particular a Samsung
e Hyundai Eletrônica empresas lideres no segmentos de semicondutores
e chips estão fazendo largos investimentos no sistema LSI.
Fibra
óptica para comunicações: O uso
da fibra óptica nos sistemas de comunicações propicia alta
velocidade na transmissão de dados e comunicações. Este setor
é um dos mais ágeis e dinâmicos sendo, atualmente, um dos
maiores captadores de investimentos. A tecnologia básica da
informação é a super velocidade nas infovias. Empresas coreanas
buscam processar informações na velocidade da luz, transmitindo
muitos gibabytes em reduzidas frações de tempo.
E-Commerce:
É o coração do e-business que está crescendo rapidamente,
livre dos limites de tempo e espaço. De acordo com a OCDE
(Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico),
o e-commerce será o grande responsável pelo desenvolvimento
dos sistemas de distribuição. A Organização projeta um crescimento
dos negócios em torno 20% até 2003. Segundo a empresa de Consultoria
Boston Consulting, no ano 2.000 o e-commerce será responsável
em escala mundial por um montante de aproximadamente US$ 100
bilhões. A escala de negócios no mercado de e-commerce na
Coréia alcançou a cifra de aproximadamente de US$200 bilhões
de wons no ano de 1999.
Informações:
Com o desenvolvimento da tecnologia digital, as informações
são tidas como fator fundamental, seja para os computadores,
indústria da música, cds, filmes etc. O estabelecimento da
Internet revolucionou o mercado e a informação transmitida
em tempo real vem dinamizando os demais setores industriais.
A indústria da informação hoje na Coréia movimenta algo em
torno de US$ 3,7 bilhões, ocupando 0,8% do mercado internacional.
Produtos estrangeiros atualmente ocupam 75% do mercado doméstico
de filmes, 65% do mercado de música e 80% do mercado de video
e jogos de computadores.
BioIndústria:
Essa indústria produz novas formas de plantas e animais através
da engenharia genética com capacidade de modificação e multiplicação
genética por muitos anos. A bio-indústria tem amplo mercado
na agricultura, medicina, saúde e nutrição que deverá crescer
rapidamente. Na Coréia o governo decidiu investir 10 bilhões
de wons em pesquisas de genética humana durante os próximos
10 anos. O inicio da bio-industry está relacionado com as
ventures companies e está apenas começando uma nova
fase de desenvolvimento industrial mais voltada para a natureza
e o homem.
Reciclagem:
A reciclagem é necessária para preservar os recursos naturais
e proteger o meio ambiente da poluição. Considerando que essa
indústria deva reduzir os perigos de extinção da humanidade
as projeções para a indústria da reciclagem são muito boas
para o futuro.
Equipamentos
Médicos: A indústria de equipamentos médicos está em franco
crescimento a partir de combinações com computadores, telecomunicações,
fibra óptica, etc. Os equipamentos de diagnóstico visuais
minimizam os erros nos resultados quando comparados aos diagnósticos
normais. Existe grande desenvolvimento de equipamentos e materiais
que substituem organismos humanos, aumentando assim a perspectiva
de longevidade humana.
Células
energéticas: Devido ao limite do montante dos recursos
energéticos, a energia captada por células reduzirá o uso
da energia convencional. Por exemplo, a energia captada por
células poderá ser usada em telefones móveis, sem fios, lap-tops,
computadores, etc. Na Coréia algumas grandes companhias estão
desenvolvendo células de energia. A Hyundai Motors está desenvolvendo
um protótipo de veículos que usa energia por células e a Samsung
através de seu Instituto de Pesquisas Avançadas desenvolveu
com sucesso o 40w PEM (Proton Exchange Membrane), energia
para ser usada em lap tops.
Considerações finais
Independente do conteúdo propagandístico
deste ou daquele informe governamental o processo de reestruturação
da econômica da Coréia do Sul é uma realidade.
As modificações implementadas pelo governo coreano
aliadas às novas tecnologias ligadas à indústria
da informação estão dinamizando e liderando
o novo ciclo de crescimento econômico daquele país.
As reestruturações orientadas para o desenvolvimento
de tecnologias avançadas fez com que o país
num curto espaço de tempo saísse de uma crise
que os analistas internacionais, bem como os técnicos
do FMI estimavam demorar aproximadamente de 3 a 4 anos para
ser superada e permitir que a economia do voltasse a crescer
novamente.
Apesar da recuperação econômica
ser uma realidade é necessário que o país
faça as reformas necessárias, uma vez que o
país permanece vulnerável devido aos grandes
débitos de muitas companhias, de forma que as reformas
das instituições financeiras e das corporações
poderão levar a uma nova crise em 5 ou 10 anos. Todos
os países ao longo da história sofreram choques
periódicos, de forma que os ditos países emergentes
são os mais vulneráveis a crises e os custos
para a economia são maiores em países mais pobres
com mercados financeiros fracos e inadequada supervisão
bancária.
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